quinta-feira, 7 de abril de 2016

O (não) dia do pai

Não falo muito dele, nem aqui, nem nas conversas. É raro falar. Cada vez menos. Não é um pai como os outros, não liga a perguntar se estamos bem, não está presente no dia de anos, não está no Natal, não nos abraça e diz que vai ficar tudo bem. Com o tempo aprendi a percebe-lo, a entender o "desleixe", a falta de presença. Ele é assim! É a maneira dele, não por gostar mais ou menos de nós, mas porque é uma pessoa que não sabe, não sabe o que é preciso, é distraído, acha que crescemos por nós e que nunca foi preciso trocar a fralda, lavar os dentes, pentear o cabelo, dar de comer...Percebi que há pais assim, pais que não nasceram para ser pais, não porque não querem mas porque não sabem. A minha mãe faz os dois papéis, sempre fez. Sabe fazê-lo bem, sempre compensou a falta do pai. Parte-se em mil, tanto nos abraça e nos ama como nos puxa as orelhas e diz que estamos a fazer uma grande borrada. Sempre foi assim. Talvez por isso a "falta do pai" já há muito que não é um problema. Aprendemos a lidar com isso, a viver em paz com isso, sem cobranças e sem mágoas. Gostámos dele e ele gosta de nós, não é um pai como os outros mas é o nosso. Não é um bom pai, mas é o nosso pai, é nosso!

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